...lógicas

Alguém que esteja interessado em caça grossa, contacte-me. Sei onde param as bestas. 


não sei a quem o hmbf se referia em específico mas sei em quem pensei quando li o seu post. sei bem por onde param as bestas, as da esfera pública e da esfera privada.

ontem à noite cometi o erro de ter a tv ligada na cmtv enquanto preparava o jantar. directos a dissecar a situação de um barricado, suposto homicida da namorada. relatos de violência e violações. separações e reatamentos. à primeira vista nada disto tem lógica. nunca, em nenhuma das histórias deste tipo. à segunda, muitas explicações: psicológicas, patológicas, sociológicas, juspsicológicas... tanta lógica com prefixo... no terreno, das vítimas aos agressores, pouco serve. por muitas voltas que se dê (e nas voltas, um sinal que ainda se consegue mexer.... menos mau...) as marcas ficam e são relembradas em cada acção obsessiva da outra parte.

temos meio mundo um quarto alguns a movimentar o que julgam possível para prevenir ou quando não é possível, para acompanhar o desequilíbrio que fica, apoiar e ajudar a arrumar as gavetas possíveis. fundamental, sem dúvida. mas que não resolvem o primário, rude e brutal de ter uma filha de dez anos com insónia e chegar ao pé de mim, já muito além da hora em que devia estar a dormir, e dizer-me "mãe, não consigo dormir. estou só a pensar no dia em que o pai te bateu". enfiei-a no meu colo, abracei-a e contei-lhe uma estória para enganar os pensamentos e deixar que o sono chegasse.

a besta do pai, desses pais, que colocam as suas obsessões e raivas acima dos filhos. essa besta que viu as filhas a chorarem agarradas a mim, onde foi mais importante para ele continuar aos berros comigo e a ameaçar-me de mais porrada.

ainda que eu não puxe o assunto com as minhas filhas, nem de outros ligados à bestialidade do pai, a memória delas, a inteligência delas em saber claramente o que está errado e o que está certo, não as deixa esquecer. sei bem que não se esquece.

Nirvana

actualmente, prefiro o álbum que faz daqui a um par de meses vinte e três anos. no tempo em que aquele canal ainda era de music e não de merda tv.

foi a minha banda preferida durante muitos anos. agora não tenho banda preferida, livro preferido, filme preferido. só qualquer coisa como um vasto top de muito bom que vai variando conforme a sensibilidade.


it's just a fucking flower





















o mundo divide-se entre aqueles que intelectualizam demasiado e aqueles que pouco ou nada o fazem. (numa muito reduzida terceira parte - quem sabe, imaginária - estarão os razoáveis.)

Heads Up



dois encontros dispensáveis logo pela manhã. a minha melhor bitch face para cada um deles, honesta e sem nuances do preto no branco.
Emiliano Ponzi

ainda não são nove horas da manhã e já estão à porta. fardados como é da praxe. espanto-me sempre por serem tantos, coisa que durante o ano rapidamente esqueço. com sorte, sobram meia dúzia a passarem pela porta de entrada a essa hora.

suponho que sejam animais de hibernação, saindo das grutas apenas por esta altura e com toda a voracidade que os outros meses recalcam. falam de tradição e integração. da primeira lembro-me sempre das touradas. da segunda, parece estarmos em choque de significação. mostrem a universidade, a cidade, que incluam os bares e as esplanadas por onde se está tão bem nestas noites amenas, sentados à mesma mesa, sem servidão.

(não deixo de me rir, desses fardados de espírito académico, que devem estar a torrar enfiados nos capotes e a urrarem a humilhação dos agora chegados.)

100% OCD Sensitive























uma merda bem cansativa :)

quiz @ designtaxi.com/news/388577/Quiz-How-Sensitive-Is-Your-OCD-Radar

:)

hazelbee.co.uk

The Present Tense



This dance
This dance
It's like a weapon
Like a weapon
Of self defence
Self defence
Against the present
Against the present
Present tense

I won't get heavy
Don't get heavy
Keep it light and
Keep it moving 


(oh, how wonderful!)

(ou) a sustentável leveza do ser

Daniel Firman

humor negro ou as evidências materializáveis

Jana Sterbak, Sisyphus Sport

a arte de escolher livros pelos títulos

acontece. quase sempre acabam por fazer jus ao título, sobretudo aqueles que são provocadores ou irónicos. A Arte de Chorar em Coro, de Erling Jepsen, cumpriu a missão.

a vida (familiar) narrada por um miúdo de onze anos, Allan, com as explicações possíveis da sua medida para acontecimentos duros e vivências marcadas pela violência, tensão e subterfúgios imaginados - como o Hr. Tarriel, uma fusão de Tarzan e o arcanjo Gabriel, um ser capaz de cumprir os seus desejos, ainda que esses possam ser a morte.

Será que o Asger
(o irmão mais velho) não compreende que há um motivo para que o pai e a Sanne (a irmã)  durmam juntos no sofá? Deveria considerar o que aconteceria se não o fizessem. Como se sentiria o pai? a adoração que tem pelo pai e preservação do seu bem-estar é uma constante nesta história, onde Allan chega a provocar situações para que o pai lhe bata como forma de aliviar a sua vísivel irritação porque, quando o pai está bem, todos estão bem. 

valores morais tão retorcidos que são cruéis marcando uma família disfuncional e solitária mas prudentemente mascarada das portas para fora.
adieu-et-a-demain.fr

Le passé n’était que le cimetière de nos illusions, on s’y brisait les pieds contre des tombes.
Emile Zola, Les Rougon-Macquart

Lissy Elle

não era a música do Bruce, mas já que se fala nele

nem sequer gosto da música dele, do estilo sonoro. mas nos últimos dois dias apareceram vários artigos sobre ele, acerca da biografia que escreveu. não a pretendo ler, porque nunca leio biografias, no máximo vejo documentários sobre vidas. do que li nesses artigos e em pedaços de entrevista, muito esteve centrado sobre a sua depressão crónica. ocorreu-me que os melhores letristas são os deprimidos, não necessariamente depressivos. separo os conceitos sem ir sequer ao dicionário. tentei explicar a diferença a uns amigos, perceberam-na os deprimidos. outros recusam-se a acreditar que a vida o possa ser assim, realista. não importa. julgo que todas as visões estão certas desde que façam sentido para cada um e sejam capazes de aplicar nas suas vidas sem um retorno de demasiada frustração quando muito fica pintado de cinzento.

the price you pay*

não sei se metaforize com uma almofada de espuma com (má) memória, se com um boomerang.


há menos lágrimas, deram lugar a mais gana (a minha nova palavra preferida) que me salva de um inevitável retorno ao passado, onde houve más decisões. a intenção era boa, mas ingénua (também se paga por isso). sempre a pensar no bem-estar das minhas pirralhas, antes e agora, ainda que pareça haver barreiras a mais, novas, velhas, a cair do céu, raios partam. ah!... mas a gana e as minhas pirralhas em foco.

do outro lado, um burgesso que insiste no seu foco de ódio acima de tudo. um burgesso incapaz de lidar com a frustração de ter perdido o seu saco de porrada. um burgesso que aumentou a sua agressividade em proporção à minha maior indiferença no que à sua vida diz respeito. fê-lo acima de tudo. ou quase. o quase que fica garantido por quem não o vê acima de tudo. e é muita gente.

*não consigo lembrar-me da música. está mesmo por debaixo da língua e é irritante.
Ter a noção de que posso morrer a qualquer momento anulou-me qualquer vontade de uma morte voluntária.

***

Helene Traxler


este setembro vem relembrar-me do incerto. ainda não houve cheiro de cadernos novos, do aliviar a dose de anti-histamínicos, de noites de casaco de malha na varanda e o deixar-me ir nas luzes da cidade. deixei de ser pessoa de meses, inevitavelmente de dias. recomecei o trabalho como se nunca o tivesse deixado. atrasei tudo o que podia conjecturando planos menos acidentados, continuam a doer-me as mesmas dores.

desejo de resumos supérfluos

tenho a mão direita suada por estar há demasiado tempo no rato (acho que escorre algum suor pelo braço). os dois programas que mais utilizo insistem em fechar-se sem aviso prévio e ainda têm a ousadia de me pedir se quero enviar relatório. um dos browsers pergunta se permito um pluggin, assim que clico no permitir e memorizar(!) volta a bloquear deixando toda esta tecnologia do pomar à mesma velocidade que a minha carcaça de quatro rodas a subir a rampa de saída de casa: com um ponto de embraiagem lento e delicado.

eu deixo-me ficar a ouvir esta abertura de festival de música e a decidir se vou apanhar os ouriços das castanhas que já começaram a cair.


I stay alone, skipped a stone, from the known to the unknown
Feeding fires, spinning tyres, getting even
And for a while, I made you smile, saw the voodoo in you child
Girl, you know you are the reason
It's been a wild season





(não gosto da minha casa sem elas. o nó que trago por deixar uma a chorar e a outra a controlar como gente grande o que-tem-de-ser. tão pequenas e já tanto sobre elas. e continua. merda.)
Vem aí uma frente fria fresquinha*. Temperaturas máximas caem 10 graus já na quarta feira.

*quando o diminutivo é um aumentativo.  do conforto sentido.

on the esplanade down by the sea



I'm awake today
So nice to see the window
Wash my dreams away
I prop myself up on my pillow

(cada vez mais)

há muito desisti de ser feliz, bastam-me agora silêncio e paz.
@universosdesfeitos-insonia.blogspot.pt
estive para comprar duas caixas para tomates (na realidade, eram para maçãs mas as vermelhas enganavam o suficiente). seriam para ofertar como gesto de facilitação para a conservação dos mesmos. a tempo lembrei-me que o problema poderia ser que ainda não tivessem descido sequer. problema comum a muitos meninos putos gajos recém-nascidos.

(garanto que às vezes consigo ouvir alguns - mesmo que seja em murmúrio - a dizer: mãezinha ajuda-me, dá-me colinho, o mundo é mau)




primeiro de setembro

tive uma crise logo pelas dez da manhã. faltou-me o ar, não sei se tenho algum problema nos pulmões ou se é este calor miserável de que já me tinha esquecido. num acto de desespero fui rever sítios respiráveis. (não é justo este ataque massivo... uma pessoa ainda tem metade do cérebro em pausa)