pela enésima vez as catraias quiserem ver o Big Hero 6. as três bem ajeitadas no sofá com a manta que o tempo pede. não era para eu ter ficado: o portátil ao lado a pesar-me a consciência do trabalho ainda por fazer... azar, que foi preterido.

a cena (quase) final que nos deixa com a lagrimita no canto do olho. curiosamente, mais do que a primeira morte do filme que representa a morte de uma pessoa e não de um robot. suponho que ao longo da narrativa e da construção / envolvência das personagens se vá criando um laço afectivo, o que justificará o maior lamento. o que me leva a crer que esta coisa do afectos é uma estrada sem placas de orientação, com uns quantos buracos e lombas, o que justificará o seu lado pouco racional (e, bastas vezes, pouco razoável).

tenho um afecto ao estilo Baymax - é fofinho, querido, mas de certa forma não real - do qual não me consigo despedir. suponho - não devo estar errada - que pelo receio que o vazio seja ainda maior e se instale de vez. puta que pariu, este não é um filme de entretenimento para crianças?

[fool] stop





é completamente ilógico sentir que grande parte desta semana foi para o caraças por estar doente e pensar que tenho de recuperar o tempo, quando passaram mais de quarenta anos e continuo com a sensação de vazio de uma vida quase deitada fora.

também pode ser ainda efeito da febre e daqui a uns dias entreter os neurónios com qualquer outra merda.

por ora, dou com isto e imagino imediatamente o melhor local: perto da lareira, virada para a janela que tem vista para a serra. já terá nevado? (parece-me que pouco poderá ainda mudar).




wtf friday























[que ninguém me ouça - eu que vocifero que este dia é de tresloucado consumo - mas fui espreitar e a Millennium Falcon da Lego e continua a custar setecentos e noventa e nove euros. ora, badamerda.]

uma certa nostalgia

acabadinha de ouvir e pow! vinte e tal anos retrocederam. a memória foi precisa: o primeiro ano na faculdade, com as suas boas loucuras, os amigos que se mantém, a recordação de uma ida a Lisboa para ver um concerto passando por duas directas e acabando numa viagem para a queima de Coimbra, uma noite que não queriamos que acabasse e apanhamos o primeiro autocarro que havia, destino Porto e quando o cansaço nos quebrou, adormecemos num multibanco. tudo certo.

(agora fico tão - mas tão! - satisfeita com uma hora sem nada para fazer numa esplanada ou em frente à lareira - o tempo decide -, e não me mexer mais do que dois metros).

colagem sobre colagem

da fragilidade das camadas — tal qual as cebolas que acabam por me deixar a chorar, alheias aos truques que uso para que isso não aconteça.

colagem original: www.instagram.com/ohdecollage

a propósito de um episódio contado onde os insultos vai-te-foder ou o simples vai-à-merda, foram substituídos pela eloquência. afinal a forma pode ter a sua piada, ainda que o conteúdo ofensivo seja o mesmo :)


ps. da neura

ouvir isto depois de almoço numa segunda-feira que começou com uma noite difícil. a neura? resolvia-a com esta música nos phones, sapatilhas, kispo, óculos de sol e eu na serra. andar até tudo ficar cansado. até a neura.


neura(...)

"Neuroscientists Have Discovered A Song That Reduces Anxiety"
@ https://www.providr.com/a-song-that-reduces-anxiety/2/



li, fui ouvir (partes) e fiquei com neura :/

procuro aligeirar as minhas inseguranças agarrando-me aos planos geométricos, proporcionais e matemáticos. todos os meus trabalhos de design têm uma grelha por trás, nada é feito a olho e os objectos são colocados usando coordenadas precisas ao píxel. por vezes, corro o risco de alterar o conteúdo para não arriscar a forma.

acontece que antes de terminar, e sempre que tenha tempo para tal, olho e sinto a necessidade de desconstruir qualquer coisa. uma letra. um símbolo. um pormenor, que é só pormenor para mim.

o resultado não tem sido mau. há umas semanas tive o Alan Poul a pedir-me cartazes para levar com ele e deixou-me um autografado. há dias tive um convite para participar na apresentação de um livro que estou a paginar (um grande ensaio visual) e falar sobre o meu processo de trabalho nesta lufada de ar fresco que é esta edição, afastada das outras que são mais clássicas e fechadas num modelo. no dia seguinte a esse convite vi o meu trabalho (no geral) a cair no chão, perante críticas duras de que havia muita coisa mal feita, outras que deveriam ser mais rápidas — afinal é só ctrl C > ctrl V — e por aí fora.

"ninguém é consensual" diz-me a pessoa mais consensual que conheço (e admiro). o que é apreciado por uns, é desprezado por outros. entre uma coisa e outra procuro o ponto de equilíbrio. ir às minhas grelhas e transpo-las para a vida como uma rede de segurança. o resultado não tem sido mau, mas não é uau. parece uma dieta de hospital: não faz mal, assegura mais sáude mas não sabe a porra nenhuma.

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stranger things

limpei a segunda temporada de uma vez. não consegui parar e foram episódios uns atrás dos outros. nisto eram quatro da manhã. acordei no dia seguinte (bem, na realidade, foi no mesmo dia) a sentir como se estivesse de ressaca. o máximo que bebi foi um sumo de laranja do algarve. pdi?





nas últimas semanas foram surgindo conversas com alguns pais e mães sobre as novas rotinas familiares causadas pela entrada dos piquenos na escola primária: horários, tpcs, lanches, o sono deles às seis da tarde. digo que tudo se ajusta com o tempo, optimizamos e habituamo-nos. a experiência adquirida de quem tem também uma piquena maior tornou a entrada da mais piquena para a primeira classe mais simples. muitos observam:  não sei como consegues (mãe all alone com duas crias). sorrio, digo que conseguimos sempre fazer o que é preciso, mas penso: como conseguiria não fazê-lo? não seria possível.