na semana em que encomendei A Piada Infinita oferecem-me um livro. precisamente um dia depois de ter estado a falar na sua adaptação a filme e dos efeitos secundários que tive depois de vê-lo. coincidências com alguma piada, confesso (esperando que seja menos piada do que a do Foster Wallace). fui direita à última página reler o monólogo que fecha o filme. é melhor ainda. volto daqui a 330 páginas.

Never Let Me Go, de Kazuo Ishiguro

sexta-feira,13

estou há umas boas horas a tentar fazer uma capa para um livro. no monitor da frente tenho o ficheiro aberto no illustrator. pouco mais tenho do que um rectângulo branco com o título e o nome do autor. no monitor ao lado tenho p'raí umas cento e vinte janelas abertas com fotografias, ilustrações, capas de outros livros com o mesmo tema. nem uma pequena ideia sai. na secretária está o resto de uma embalagem de brufen granulado para controlar a febre de uma gripe que não está a dar jeito nenhum. ao lado, um copo com chá de menta e uma garrafa de água. na cabeça, uma dor. literalmente.

no entanto, está a ser uma bela sexta-feira-treze. não fosse o treze-de-abril, o dia do beijo.

duas semanas de dias inúteis. na primeira, não conseguindo estar sozinha, passei todo o tempo possível fora de casa. na segunda só quero estar sozinha, ansiando pela hora de chegar a casa. não abraçando merda nenhuma ao estilo new age - das doenças e males do mundo quero-os longe do alcance da vista -, aceito que assim sejam, até porque ainda não encontrei maneira para que sejam diferentes. bem, na realidade desisti. o que não é mau de todo.

___

entretanto, alguma coisa de útil: uma vista de olhos ao trabalho do André da Loba (vale mesmo a pena espreitar) @ https://www.facebook.com/andre.daloba



dia das mentiras

[ fim-de-semana prolongado, aka mini-férias para alguns. para mim foram quatro dias que me serviram para ir mimar a família. tempos de pouca bonança que pedem para se estreitarem os laços e pôr-se à prova o sangue. quase todos em reunião em casa dos meus progenitores. falta uma, a minha sobrinha e afilhada, de sangue e coração. internada por tempo determinado pela sua força, sei que a tem e acredito que a esteja a descobrir também. ]



o dia de páscoa para crentes, agnósticos ou ateus que serviu sempre para nos juntarmos todos à mesa. até parecia mentira faltarem três: a minha sobrinha e os seus pais que a foram visitar, sendo os únicos que o podem fazer. não fosse assim e estariamos quase todos a comer natas do céu na sala de espera para as visitas. não seriamos todos porque haveria sempre um de nós a preferir o seu cómodo egoísmo. até parecia mentira que nesse dia de trémulo equilíbrio focado na necessidade de um certo normal para, sobretudo, a minha outra sobrinha que não vê a irmã há bons dias e não têm idade para separações deste tipo, houvesse alguém demasiado umbiguista, fazendo questão de mais uma vez o mostrar, que o mundo gira em seu torno e os outros que se fodam. pena que fosse precisamente nesse dia (noutros mando-o à merda mais facilmente). engoliram-se sapos até que o sangue ferveu mais alto que o sangue da família. mandei embora alguém de uma casa que não é a minha e devo ter comprado uma guerra sem fim. ligam-nos os laços familiares e estas rupturas nunca serão facéis, mas prefiro os de sangue e coração. inesperadamente, os que ficaram estão mais fortes. abracei a minha mãe como não o fazia há décadas. parecia mentira que depois de tudo o dia acabasse com jogos de carta e o meu pai a recordar-me as regras da sueca.