poderiam ser percas, que o peixe saberia bem melhor


as previsões indicam que a partir de amanhã as temperatura podem chegar aos 45º. o que são mais 15º do máximo suportável pela minha pessoa. já verifiquei se o ac da sala ainda funciona e tenho minis no frigorífico. ou seja, tenho planos para sobreviver aos 15º acima do suportável.

não tenho é planos para sobreviver às perdas constantes. com o tempo verifica-se que a vida é mesmo uma sucessão de perdas e deixar de ter planos para o suportar é o grande passo evolutivo. aceitar e resistir aos falhanços, às frustrações, ao que não controlamos, ao que desejamos e que se dilui, às pessoas vivas que perdemos (impossível falar das outras) e, ainda assim, aquela hora na esplanada ao fim do dia com os amigos, o jantar com as nossas filhas, o beijo temporário que nos tira o fôlego, a caminhada sozinha e o perder-me em ruas que julgava conhecer, ser o melhor que a vida tem. por hoje. amanhã, logo se vê. em todo o caso tenho minis no frigorífico.


se beber, não choro?

o primeiro livro que tenho memória de ter lido era acerca de um mocho que recolhia as suas lágrimas para fazer um chá. para tal, rebuscava nas suas recordações situações tristes para provocar o choro. pois sim, e é o mocho símbolo de sabedoria... não lembro como terminava, mas suspeito que tenho ficado envenenado depois de beber o chá.

desses tempos (em que era chic e lia em francês com mais fluência do que em português) ainda recordo outro: La Sœur de Gribouille. tanto drama que não sei como não cortei os pulsos. bonito, bonito, é o que o reli várias vezes.

de facto, agora os tempos são outros, o existencialismo duro é mercantilizado criativamente e à mão de rodar uma tampa. fast suffering?