desabafo

a vida corre bem. quase tudo bem. um quase que não é trágico, é apenas a minha vida a ser extremamente comum e o faltar sempre qualquer coisa ser o normal das vidas.

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[dêem-me uns dias sozinha e garanto que afundo. nada de novo, portanto]

desafio

ouvir esta música e não sentir um ligeiro nó na garganta — mesmo que a vida esteja naquela coisa do corre bem (corre?).


quarta-feira, 22 de agosto. é importante referir o dia da semana e não apenas a data, servindo de dose dupla de choque para o regresso a qualquer coisa que se tornou mais pequena: a minha rotina, o meu trabalho, deixaram de ser tão grandemente terapêuticos. mantém-se a necessidade financeira, bem como o gosto destas coisas do design mas a minha vida está mais cheia — de tão bom, que troquei a equação: mais é menos. mais completa, menos complicada.

ainda sob esse choque de regresso ao trabalho a meio da semana, com tudo em férias e sem conseguir sentir o cheiro habitual da rentrée: falta o outono, o cheiro a livros novos, a ânsia dos primeiros dias de escola das miúdas, a esplanada ao fim do dia com o gangue todo a dizermos disparates.

recorro a um método com anos de método científico aplicado e estatística a provar a eficácia: música a bombar e aguardo, sabendo que mais hora menos hora os neurónios estarão a bom ritmo para terminar este dia com trabalho feito.