the far field

planos dimensionais

plano A: eu, uma sala de cinema com pouca gente - i.e. silêncio, sobretudo sem o barulho de pipocas -, que não exclua boa companhia e mais de duas horas a ver o novo episódio do Star Wars. (sou esse tipo de pessoa básica. não almejo uma viagem à Lapónia com um plausível unicónio)

em jeito de plano B: bem podia ser uma caminhada com umas vans nos pés. as bordeaux, tipo bota, que são as únicas que gosto. (sempre básica, ainda que esquisitinha)

nos dois planos falta algo essencial para serem concretizado, hélas.

______ 

plano ∞
Mariana, a miserável


nove da manhã na sala de espera no hospital ouço o miúdo, Dinis (circa seis anos): vou ser operado ao coração. e ri-se. eu não sei se ria, se chore e antes de decidir: partiram-me o coração. e riu-se, novamente. pude também rir-me com ele. não sei o que o miúdo tem mas está na secção de exames ao coração e nem ousei perguntar por quê. fiquei-me pelo humor dele. que não desapareça. ele e o seu humor.

________

:)



oh oh oh [this isn't a christmas song]



Oh

Forgiving who you are

For what you stand to gain
Just know that if you hide
It doesn't go away
When you get out of bed
Don't end up stranded
Horrified with each stone
On the stage

Oh Oh
“ Quando se chega à minha idade, e agora tenho 66 anos, apercebemo-nos de que o mundo é uma casa de doidos e que a maioria das pessoas vivem numa fantasia de uma maneira ou outra. Por isso, assim que uma pessoa se apercebe disso, não é uma coisa que incomoda muito.
...
Fico impressionado com como o riso nos liga às pessoas. É quase impossível manter qualquer tipo de distância ou noção de hierarquia social quando estamos simplesmente perdidos de riso. O riso é uma força democrática.
...
Quem se ri mais, sabe mais.”
— John Cleese


eu, rindo-me.

mirror, mirror who is the most fucked up?

fui repor a visualização de entretenimento para o modo mais crescidos e escolhi a série Black Mirror. vi a primeira temporada e agora estou com vontade de ver o Gnomeu e Julieta...

os episódios podem ser vistos sem ser em sequência, não há uma narrativa contínua entre eles, apenas no ponto de ligação da perniciosidade do que podem ser as tecnologias. ou melhor, naquilo que os humanos podem fazer com elas. qualquer um dos episódios dava para uma boa longa metragem. embora, assim curtinhos, disparem rapidamente com a merda que conseguimos ser. a tecnologia só vem potenciar e facilitar a coisa. uma merda que não é necessariamente por consequência de malícia por si só. alias, tudo começa com uma certa dose de boas intenções: de querer ajudar, salvar alguém, saber a verdade e como qualquer boa seta filosófica, estilhaça bastante primeiro. depois cada um cola como lhe aprouver.

(eu estou em luta entre a curiosidade de prosseguir para a próxima temporada ou deixar-me estar quieta e fazer uma sesta até esta primeira temporada assentar.)



pela enésima vez as catraias quiserem ver o Big Hero 6. as três bem ajeitadas no sofá com a manta que o tempo pede. não era para eu ter ficado: o portátil ao lado a pesar-me a consciência do trabalho ainda por fazer... azar, que foi preterido.

a cena (quase) final que nos deixa com a lagrimita no canto do olho. curiosamente, mais do que a primeira morte do filme que representa a morte de uma pessoa e não de um robot. suponho que ao longo da narrativa e da construção / envolvência das personagens se vá criando um laço afectivo, o que justificará o maior lamento. o que me leva a crer que esta coisa do afectos é uma estrada sem placas de orientação, com uns quantos buracos e lombas, o que justificará o seu lado pouco racional (e, bastas vezes, pouco razoável).

tenho um afecto ao estilo Baymax - é fofinho, querido, mas de certa forma não real - do qual não me consigo despedir. suponho - não devo estar errada - que pelo receio que o vazio seja ainda maior e se instale de vez. puta que pariu, este não é um filme de entretenimento para crianças?

[fool] stop





é completamente ilógico sentir que grande parte desta semana foi para o caraças por estar doente e pensar que tenho de recuperar o tempo, quando passaram mais de quarenta anos e continuo com a sensação de vazio de uma vida quase deitada fora.

também pode ser ainda efeito da febre e daqui a uns dias entreter os neurónios com qualquer outra merda.

por ora, dou com isto e imagino imediatamente o melhor local: perto da lareira, virada para a janela que tem vista para a serra. já terá nevado? (parece-me que pouco poderá ainda mudar).




wtf friday























[que ninguém me ouça - eu que vocifero que este dia é de tresloucado consumo - mas fui espreitar e a Millennium Falcon da Lego e continua a custar setecentos e noventa e nove euros. ora, badamerda.]

uma certa nostalgia

acabadinha de ouvir e pow! vinte e tal anos retrocederam. a memória foi precisa: o primeiro ano na faculdade, com as suas boas loucuras, os amigos que se mantém, a recordação de uma ida a Lisboa para ver um concerto passando por duas directas e acabando numa viagem para a queima de Coimbra, uma noite que não queriamos que acabasse e apanhamos o primeiro autocarro que havia, destino Porto e quando o cansaço nos quebrou, adormecemos num multibanco. tudo certo.

(agora fico tão - mas tão! - satisfeita com uma hora sem nada para fazer numa esplanada ou em frente à lareira - o tempo decide -, e não me mexer mais do que dois metros).

colagem sobre colagem

da fragilidade das camadas — tal qual as cebolas que acabam por me deixar a chorar, alheias aos truques que uso para que isso não aconteça.

colagem original: www.instagram.com/ohdecollage

a propósito de um episódio contado onde os insultos vai-te-foder ou o simples vai-à-merda, foram substituídos pela eloquência. afinal a forma pode ter a sua piada, ainda que o conteúdo ofensivo seja o mesmo :)


ps. da neura

ouvir isto depois de almoço numa segunda-feira que começou com uma noite difícil. a neura? resolvia-a com esta música nos phones, sapatilhas, kispo, óculos de sol e eu na serra. andar até tudo ficar cansado. até a neura.


neura(...)

"Neuroscientists Have Discovered A Song That Reduces Anxiety"
@ https://www.providr.com/a-song-that-reduces-anxiety/2/



li, fui ouvir (partes) e fiquei com neura :/

procuro aligeirar as minhas inseguranças agarrando-me aos planos geométricos, proporcionais e matemáticos. todos os meus trabalhos de design têm uma grelha por trás, nada é feito a olho e os objectos são colocados usando coordenadas precisas ao píxel. por vezes, corro o risco de alterar o conteúdo para não arriscar a forma.

acontece que antes de terminar, e sempre que tenha tempo para tal, olho e sinto a necessidade de desconstruir qualquer coisa. uma letra. um símbolo. um pormenor, que é só pormenor para mim.

o resultado não tem sido mau. há umas semanas tive o Alan Poul a pedir-me cartazes para levar com ele e deixou-me um autografado. há dias tive um convite para participar na apresentação de um livro que estou a paginar (um grande ensaio visual) e falar sobre o meu processo de trabalho nesta lufada de ar fresco que é esta edição, afastada das outras que são mais clássicas e fechadas num modelo. no dia seguinte a esse convite vi o meu trabalho (no geral) a cair no chão, perante críticas duras de que havia muita coisa mal feita, outras que deveriam ser mais rápidas — afinal é só ctrl C > ctrl V — e por aí fora.

"ninguém é consensual" diz-me a pessoa mais consensual que conheço (e admiro). o que é apreciado por uns, é desprezado por outros. entre uma coisa e outra procuro o ponto de equilíbrio. ir às minhas grelhas e transpo-las para a vida como uma rede de segurança. o resultado não tem sido mau, mas não é uau. parece uma dieta de hospital: não faz mal, assegura mais sáude mas não sabe a porra nenhuma.

//

stranger things

limpei a segunda temporada de uma vez. não consegui parar e foram episódios uns atrás dos outros. nisto eram quatro da manhã. acordei no dia seguinte (bem, na realidade, foi no mesmo dia) a sentir como se estivesse de ressaca. o máximo que bebi foi um sumo de laranja do algarve. pdi?





nas últimas semanas foram surgindo conversas com alguns pais e mães sobre as novas rotinas familiares causadas pela entrada dos piquenos na escola primária: horários, tpcs, lanches, o sono deles às seis da tarde. digo que tudo se ajusta com o tempo, optimizamos e habituamo-nos. a experiência adquirida de quem tem também uma piquena maior tornou a entrada da mais piquena para a primeira classe mais simples. muitos observam:  não sei como consegues (mãe all alone com duas crias). sorrio, digo que conseguimos sempre fazer o que é preciso, mas penso: como conseguiria não fazê-lo? não seria possível.






halloween

*
Oh the werewolf, oh the werewolf
Comes stepping along
I have not even broken the branches where he's gone
Once I saw him in the moonlight, when the bats were flying
I saw the werewolf, and the werewolf was crying
Cryin 'nobody knows, nobody knows, body knows
How I loved the man, as I teared off his clothes.
Cryin 'nobody knows, nobody knows my pain
When I see that it's risen; that fool moon again
For the werewolf, for the werewolf has sympathy
For the werewolf, somebody like you and me.
And only he goes to me, man this little flute I play.
All through the night, until the light of day, and we are doomed to play.
For the werewolf, for the werewolf, has sympathy
For the werewolf, somebody like you and me.




sobre um certo foder

1. Os meritíssimos juízes, entre eles uma mulher, citam a Bíblia. Mas citam a Bíblia que lhes dá jeito, ou seja, o Velho Testamento, porque no Novo Testamento há aquela passagem subversiva em que Jesus perdoa a Maria Madalena e diz "quem não tiver pecado que atire a primeira pedra".

2. Nalgumas cabecinhas bafientas ao macho ibérico tudo é permitido. Nalgumas cabecinhas a mulher adúltera é uma puta, o homem um garanhão (o que leva alguém a trair alguém é complexo, a psiquiatria explica que há quem ame e traia e há quem não ame o companheiro ou companheira e não traía, mas isso é outro tema).

Alguns juízes não o deviam ser.

3. Há uns tempos escrevi um texto sobre "a puta". Retomo-o.

Quando um homem (quando alguns homens para ser justa) quer humilhar uma mulher recorre habitualmente a três vocábulos: cabra, vaca e puta.
A lógica por detrás da retórica é simples: trata-se da tentativa de a desvalorizar comparando-a a um animal ou questionando a moral sexual da mesma.
A vida é pródiga em paradoxos, é o que digo habitualmente a estas mulheres, mais irracional que um animal (que nalgumas culturas até são sagrados) é quem necessita de humilhar ou vilipendiar o outro.
Em pleno século XXI alguns homens educados de forma castradora entre as mulheres para “casar” e as mulheres “para foder” (tanta mãezinha culpada pela violência exercida sobre outras mulheres ) consideram que a pior ofensa que se pode fazer a uma mulher é chamá-la de meretriz, reduzindo-lhe o “valor sexual”. A essas mulheres digo que não se trata de uma ofensa, mas de um elogio, pois revela medo. Nada intimida mais um homem ( ou alguns homens ) do que uma mulher bem resolvida e descomplexada (e se for bonita , inteligente e independente então morrem de medo).
Habitualmente os abusos verbais passam também pelo clássico: “vai-te foder”. Recentemente numa troca de mensagens sobre um outro tema um conhecido fez uso do “clássico”. Respondi-lhe, e perdoem o meu francês, ” vou sim com muito gosto, mas será com alguém que não seja impotente como tu”. A conversa e a tentativa de ofensa morreu ali.


(Como eu gostava de encontrar num face a face estes juízes guardiões da moral alheia)

Helena Ferro de Gouveia@FB

"ontem vi um filme bonito

qual?
Wind River. muito branco, frio, fechado, calmo e resiliente.
hum, mas é sobre um crime. vários, até.
também. mas não é o seu ponto central.
devias passar a ver documentários sobre vida selvagem.
não é de isso que se trata?

"


nas nuvens


hollyshit

[
tinha cerca de quinze anos e era mais um verão no qual trabalhava parte do tempo de férias. novamente como babysitter numa grande família lisboeta. gente fina que tratava os filhos por você. alguns iam às africas buscar miúdos para lhes darem um boa oportunidade na vida: a de serem seus criados. eram chamados assim: criados (e eu não sou assim tão antiga).

um dos adultos dessa fina família lançava olhares lascivos a quem tivesse menos de dezoito anos e costumava criar desculpas para situações em que ficasse só e elas. e eu. a primeira vez que aconteceu comigo e dei com os comentários e sugestões dele quanto à minha cara laroca, ao meu corpo, bloqueei, congelei. alguém dessa fina família entrou na divisão onde estávamos e eu não dei hipótese que acontecesse uma segunda vez. fui embora daquela casa sem dizer nada. ainda hoje sinto náuseas quando ouço "quinta da marinha".

depois deste episódio houve mais situações de assédio, fui aprendendo a lidar com isso. nem que para isso me tivesse de despedir de uma empresa onde trabalhava. talvez devesse ter feito queixa. nunca o fiz. talvez porque o nojo que sentia fosse tão grande que só queria que desaparecesse. falar disso na forma de denúncia manter-me-ia colada ao que queria esquecer. e, claro, a questão: alguém acreditaria? ou ainda, por outras situações similares, ouvir o pôs-se-a-jeito. é tudo inibidor de acções mais efectivas. apostei na prevenção e na defesa, ao mínimo sinal aprendi a desviar-me.
do assunto mediático destes dias, não me espanta não haver mais denúncias públicas, infelizmente. que o filho da puta pague na medida certa, bastante portanto. dos que sabiam e que foram coniventes, que paguem em igual medida. aos que denunciaram, o meu agradecimento pela coragem.
 ]


"A love letter to the '80s classics that captivated a generation"

primeira frase da sinopse da série Stranger Things. iep, é isso. uma nostalgia bem boa. uma série com putos que não é para putos e que mete adultos (pelos menos a mim) a ver a coisa (ou as coisas) quase de uma tirada (intervalada pelos dias de tarefas).

durante os oito episódios voltei a ter aí uns dez anos, aquele cheiro dos anos oitenta, os penteados foleiros, a roupa (agora, o vintage da moda), mas nunca joguei ao dungeons and dragons. deixar os meus pais adormecer para ir ver o pesadelo em elm street e cagar-me de medo. hoje de manhã ao lavar os dentes senti um calafrio e numa pequena fracção de segundos pareceu-me estar no mundo invertido. é assim, o terror na ficção continua a provocar-me o mesmo medo de quando tinha dez anos. de certa forma, é bom. alguma coisa (coisas) não se perdeu (perderam).

:)


ó josé luís!

olha, nem de propósito, saiu esta ontem. não foi com o Tom mas com o Hamilton. também 'tá bom :)


o algoritmo para o meu news feed do fb está de bom humor

e recomenda-se.


mashup



Want to be special
You're so fucking special
I see you, and it's unclear
Your skin makes me cry
Tell me, I'm nothing to fear
In a beautiful world
Tell me, I'm nothing, nothing
I'm a creep, I'm a weirdo 
I see you
run, run, run, run, run.

afinal, é mesmo na net que estão as respostas

há uns meses fiz uns quantos exames e pude perceber que o meu sangue estava a circular como devia, em constituição e caminhos. no entanto, aparecem-me uns hematomas feios (e falo mesmo do feio estético: grandes e roxos). sem saber a causa, hoje encontrei-a em plena internet:
De tanto cair em mim
estou cheio de hematomas.
— Plúvio, chovechove.blogspot.pt

do estranho

votei em ziguezague: em três partidos diferentes, nunca me tinha acontecido. o resultado foi assim um susto, dos inesperados. ou não percebo um caralho de política (provável) ou anda meio (?) povo avariado (também provável).
_____

de um pessoal estranho, que brinca, mas que resulta em muito bom. o dia está +/- salvo.


em dia de considerações

Rui Costa, Mike Tyson Para Principiantes
(roubado no FB do Carlos Vaz Marques)


baralhada

não distingo o barulho das praxes com o das campanhas. é isto de noite e de dia. o que vale é que parte termina amanhã. só não sei se parte significativa.

aviso: não se deixem enganar pela coroa

a minha Contralina, Carolaíne, princesa, Carol, foi para a escola primária. o seu primeiro ano na escolaridade dos grandes. no pátio, onde não sei ao certo o que acontece, só pelos relatos, oferece uma cotovelada a quem a chateia (já lhe ensinei onde acertar se o idiota for menino). chega a casa, todos os dias, com as leggins rotas nos joelhos. se por mero acaso for de saia, os joelhos sem protecção ficam com nódoas negras e feridas. diz que é de brincar no pátio, que os intervalos são curtos, ainda mais agora que levou a mini-bola de futebol.

eu imagino-a com todo um sistema de defesa - e ataque - montado, ao estilo do Iron Man. imagino mesmo, até vejo as peças a serem encaixadas. na minha mesa tenho esquemas de engenharia avançada para resolver a fragilidade do sistema que não protege os joelhos (e porque não ganho o suficiente para tantas leggins).

do que vale mesmo disto tudo: a miúda é rija


tenho de ser de pedra


estou apaixonada

{ não ouçam, correm o risco de também ficarem :) }

e agora, como é que durmo?

mal.


































tinha o Logan, o Patterson e o Locke para ver. acabei por deixá-los na lista e fui ver o Raw. doze horas depois ainda estou a digerir o filme. que dito assim -  o digerir -, faz-me não querer abrir a gaveta das carne congeladas nos próximos meses.

o filme é bom, muito bom, mas nunca mais o voltarei a ver. as próximas semanas serão dedicadas a comédias românticas, que para quem não sabe é o género cinematográfico que menos gosto. mas preciso de terapia de choque para superar o cru.




a guarda é minha!

estamos em altura de eleições, mas não conquistei a cidade da Guarda. a vitória foi outra, maior, bonita e intensa. a guarda das minhas princesas. o tribunal a esclarecer em perfeição os deveres de um pai (sim, hélas, às vezes chega a isto) e esperar que lhe tenha caído a ficha. se não cair, estarei cá sempre de mangas arregaçadas para elas, por elas.
___

a felicidade, por vezes, é isto:


G(irl)-forces

amigo poeta posta no fb (das pessoas mais queridas que já se cruzaram na minha vida):
simples
toma conta de mim sem que eu tome conta.

eu (hoje, em estado mais frágil do que deveria. coisas da vida a acontecer e nas quais preciso estar firme, concentrada, dura, focada):
o meu psi diz-me, repetidamente, a mim que me esqueço todos os dias de tomar conta de mim, e que assim não há quem tome. ambos sabemos que sou ainda uma criança, que ainda preciso de colo.


G Forces, Bill Domonkos

LCD

tenho receio quando bandas de que gosto muito, editam novos álbuns. por um lado quero mais, por outro é-desta-que-fazem-merda, já não se reinventam.

agora shiu, que estou a ouvir música da boa.




This is what's happening and it's freaking you out
I've heard it, heard it
And it sounds like the nineties
Who can you trust
And who are your friends
Who is impossible
And who is the enemy
These are the halls that we're presently haunting
And these are the people that we currently haunt
Push back the walls
Push back the calendar
We've got, we've got friends who are calling us home


You're just a baby now
 



bullshit

I didn't see it coming é uma expressão da treta em noventa e nove porcento das vezes. gostamos de meter uns véus coloridos para que o engano seja mais fiável, para depois: pumba, aconteceu o inesperado, o provável. ok, excluo a queda na cabeça de um pedaço de avião que explodiu no ar. neste caso, não haveria como antecipar, prever. mas para isso servem os um porcento sobrantes.


no retorno

é perceber que me esqueci de paginar um livro. estar a fazê-lo à velocidade da luz sem, no entanto, deixar passar erros. criar duas capas novas e cruzar todos os dedos à espera de que os clientes fiquem satisfeitos à primeira proposta. ter no meio desta semana duas reuniões das mais pequenas que me vão lixar umas boas horas de trabalho {mas que me irão derreter o coração: a Carol no seu primeiro ano de escolaridade e a Bia começar as suas aulas de ginástica acrobática e os treinos de atletismo (uma das actividades há-de ficar pelo caminho, mas agora não interessa para nada)}.

no time for (only god knows how hard it is)

que mais não seja, pelo menos que esta gruta dê música




Will you stand up for your one chance
Will you stand up for love
We get no second chance in this life
We get no second chance in this life

ps.

a música da posta de pescada anterior é do genérico de uma série fabulosa, Wallander. as séries são um paliativo. sobretudo. nos dias que correm (para ser mais precisa: nos dias que andam devagar). de séries com vagar, estou a ver a Vera (temporada 7). aquilo tem tudo para me prender: ilhas isoladas, paisagens de quilómetros terminando num horizonte que faz limite com o mar. a narrativa de crimes é secundária.
{ a super-inteligente aqui anda a passar o seu tempo a dedicar-se em tornar questões menores em assuntos do dia. teço teorias, remoo, zango-me e quase respondo torto a meia dúzia de gente. bem, quase era o que devia ser mas nem sempre o é. a noite, ao dormir, traz-me, como socos no estômago, aquilo que realmente me fode. ainda assim, acordo todas as manhãs a enganar a minha vida. tem tudo para correr mal, claro. }

***



***
sossega.

faz alguma coisa com o teu tempo livre*

Livre
. Salvo (do perigo).
[in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa]

be a fucking idiot and enjoy it
I'm tired and our traveling,
Our traveling is over
You are so tired and our traveling,
Our traveling is over
I'm sorry for the pain,
Inside of forest shades,
We saw each other hardly
So sorry for the pain,
Stand still in forest shades,
We saw each other hardly, my dear


 





































Being deeply loved by someone gives you strength, while loving someone deeply gives you courage.
― Lao Tzu

a pensar na próxima tatuagem























(qualquer interpretação metafórica está completamente certa.)

vácãsses

três semanitas quase em off total. agora não sei como regressar.

. didn't . looked . lived

música para dias que precisam de um boost

(esquecer a letra por sete minutos e só ocupá-los com o pé a bater ao ritmo da batida)




never let me go



What I'm not sure about is if our lives have been so different from the lives of the people we save. We all complete. Maybe none of us really understand what we've lived through, or feel we've had enough time.

___ 

daqui a uns tempos, uns bons tempos, quem saiba ainda leia o livro. talvez quando suavizar a ideia de que tudo é uma questão de tempo e de amor. de amor e de tempo. ou talvez não seja suavizar, mas intensificar. por ora, digo-vos: ide ver este filme. que belo filme.
a ouvir isto:




enquanto lia isto no facebook do Julio Machado Vaz:

E por Vezes

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos

David Mourão-Ferreira, in 'Matura Idade'


não foi de propósito mas ligaram muito bem.

your memory's unlocked but mine is locked*




* descobri que a minha miserável memória tem mais bloqueios daqueles que julgava. ao ver o primeiro episódio da nova temporada da Guerra dos Tronos (curioso que no inglês é game e na tradução para português é guerra, mas isso fica para outra posta de pescada), tive de fazer um grande esforço para recolocar as personagens no ponto onde ficaram na temporada anterior. bem, do que importa: a Arya continua em grande estilo a dizimar gente. às dezenas. agora resta-me recordar o caminho que percorreu para chegar a tal obra. ah, e a música acima é muito boa, tal como todas as que já ouvi desta banda. de certa forma, tudo neste post faz sentido: things I don't need (com a devida diferença de jogos aplicados e respectivas estratégias).

feeling good

não é de todo estranho este feeling good num conto (?) tão trágico. a autodeterminação e resiliência mesmo quando parece não haver espaço para nada. isto — e mais quantas coisas —, em cenários, planos, caracterização, luzes, ... tudo fabuloso.



carry on

já não me acagaço quando esta máquina resolve por-me em sobressalto: quando pára por segundos ou, ao invés, acelera em autoestradas onde jamais conseguirei ir por via certa.

(enquanto o tenho por tão incerto, por mim, por elas — as minhas loved ones —, o bonito, muito bonito, do que outras mãos fazem. a darem-lhe a forma que as palavras engasgam.)





www.francisbaker.com/to-carry-on



inspire / inspira, expira com um suspiro

um suspiro dos bons, não sendo sequer dos que se vendem - dos muito docinhos mas artificiais com os seus trezentos quilos de açúcar refinado e sem requinte nas ancas -, este é de inspiração.


Designing the Chapel began in the late 1940s. Matisse, already in his late seventies, was recovering from surgery for intestinal cancer and had nearly died.

dia zero

doze de julho, o dia zero. não sem valor próprio mas sim de recomeço. um ponto de partida para os dias que se seguem. pequenos recomeços que não são de esvaziamento dos que os antecederam. pelo contrário: olhar para o passado com um já chega e ser tempo de mais qualquer coisa. é o objectivo que se desdobra em outros mais pequenos e um de cada vez para que a tarefa seja possível. um - que podia ser qualquer outro -, voltar a ler. conseguir chegar à página dez com muitas putas pelo meio e sorrir por parecer que estou a ouvir o autor a falar e não a lê-lo. do tema, ainda doloroso - a violência - no entanto, a doer menos do que previa. talvez já comece a ser mesmo passado.

***


it's alright if you don't know how to do it
come sit down here
talk to me
Lena Muniz

{ ontem comentava com uma amiga que me sinto só a sobreviver, que não tenho espaço para viver. até nas coisas mais simples. apetece-me muito ficar em posição fetal, não me mexer com medo que até o movimento de respirar mexa com alguém e faça merda. }

***

“só porque tenho quase a certeza que vais gostar da imagem do álbum



e gostei, claro. não fosse a minha colecção de corações nas mais variadas formas para as semioses que a criatividade quiser. já agora a música também é boa. 

***

haja música a aconchegar esta disposição.
continuando no meu mundo.

ontem, ao sair do trabalho, decidi-me por um desvio de horas antes de regressar a casa. depois de sair da Covilhã em direcção a Unhais da Serra, passo por uma das zonas mais bonitas deste interior à mão. paro a meio caminho, em Cortes do Meio, para uma ida à água. era capaz de viver ali. gostava de viver por ali. ou noutra aldeia qualquer enfiada numa destas encostas tão bonitas onde parece que o tempo tem outro ritmo. sou mulher da aldeia. não percebo porque investi num apartamento na cidade pequena. agora, nem num futuro próximo, terei possibilidade de mudanças. não é grave. podia estar em Lisboa e ser uma profunda infeliz (ainda mais) no meio do trânsito e de prédios a mais.

talvez seja uma alma velha e provinciana. quero o tempo dos dias lento, quero o aborrecimento de não ouvir carros, quero não ter de lidar com gente agitada no stress matinal, diário. quero as ruas da aldeia para as miúdas brincarem na rua, nas quintas, entrarem em casa para jantar com a melhor sujidade, das mãos na terra.

e agora vou trabalhar. enfiada no openspace que odeio (não percebo esta cultura moderna dos espaços tecnológicos abertos, com gente a mais). o rabo colado à cadeira durante, pelo menos sete horas (hoje, provavelmente, mais).
quando estou triste (jesus, tantas vezes, é normal de normalizado pela média?) balanceio entre a música que acompanha o ritmo natural ou forço umas batidas mais resistentes e uns up, up girl. não é bem o dia...  já ouvi esta uma boa dezena de vezes, colada aos sensores, com pequenos intervalos do Yet Again. yes, again the Slow Life.




penso estar a fazer as coisas diferentes, a melhorar, a não deixar de arriscar e termina exactamente como sempre. abre-se um novo fosso e sinto-me a perder pessoas. invade-me novamente uma grande tristeza, com a única diferença de que agora já não me deixa angustiada. apenas e unicamente triste. é uma aceitação sem retorno. procuro outras vias de me fazer sentir, de não me ir morrendo enquanto perco.

***

agora na varanda com o portátil no colo a musicar o ambiente e uma mini preta na mão. vejo a noite a cair, deixando de ver o fumo que chega até aqui, mas a manter o cheiro que foi de morte. sinto-me pequenina, egoísta, fechada no meu mundo. 

oh god,

Bon Iver, querido, podias cantar sempre assim, sem parecer que te estão a apertar os tomates (com os consequentes extra agudos de dor).

well done.


aproveitar o feriado e o tempo quente para lavar roupar, arrejar a casa, aspirar, arrumar o sótão, ir às compras, tirar o pó aos livros, lavar o carro, mudar os interruptores partidos, ...



cair da cama

não foi literalmente mas doeu como se o tivesse sido. a luz das seis e meia da manhã, acompanhada pelo insistente despertador, obrigaram-me a acordar de uma noite a sonhar sobre as minhas frustrações. outra vez a rotina a meter-me numa bóia de salvamento: os pequenos-almoços, beijos e abraços às minhas beloved e o trabalho.
Escutei, à distância, o som de um trompete e perguntei ao criado o que significava. Ele não sabia nada, nada ouvira. Frente ao portão, deteve-me e perguntou:
- Onde vai o meu amo?
- Não sei – respondi – Daqui para fora, vou-me embora, apenas. Daqui para fora, é só, só assim conseguirei atingir o meu objectivo.
- Então vossa senhoria sabe qual é o seu objectivo? – Perguntou novamente.
- Sim – retorqui – Já te disse: daqui para fora, é esse o meu objectivo!

—Franz Kafka, A Partida

sete horas da tarde

e o que me apetecia era sentar-me e não fazer a ponta de um corno. recordo a entrevista lida há um par de horas: a força mais poderosa é estar interessado em alguma coisa. pode ser a Dinastia Ming, o que quer que seja, se estiveres interessado o suficiente para o estudar e aprofundar, então não corres perigo. eu corro perigo. o meu psi diz-me isto há algum tempo, essa coisa do fazer e do interesse. já comecei quinhentas e quarento oito coisas diferentes. a maior parte delas mentalmente, poucas foram as que viram vida e dessas todas foram efémeras. o melhor que consegui foi não estar parada tanto tempo, não que o mexer-me fosse [seja] efectivamente produtivo. é o possível. o que me reduz a uma espécie de derrota mas tenho demasiada preguiça para mais. e medo. muito. enfim, julgo que percebi o ponto até ao qual consigo resistir. um milímetro a menos ou mais e catrapumba, escangalho-me e mais do que querer sentar-me, quero é dormir.

agora vou fazer o jantar [ao contrário do muito que se diz sobre as desvalorizadas rotinas, elas salvam].

Tem tudo o que procurava? Sim? Então agora vamos tomar um belo café.

Sim, a retórica política é capaz de matar. A política pode assassinar por meio da linguagem. O horror do movimento nazi foi largamente baseado na retórica, na propaganda. Muito mais poderosas do que qualquer exército são as mentiras do totalitarismo. O totalitarismo funciona através da linguagem. E também existe outro fenómeno: pode ser-se um grande artista e um assassino, uma pessoa a favor do extermínio. Há um momento muito importante nos diários de Cosima Wagner, em que Wagner está lá em cima, no primeiro andar, e ela ouve-o ao piano a rever o 3º ato do “Tristão”. Ele desce para almoçar, e de que é que eles falam? De como queimar os judeus. O homem que tinha estado a compor a melhor música do mundo desce para almoçar e discute alegremente como livrar-se dos judeus. O que quero dizer é que eu não poderia viver num mundo sem a música de Wagner. A minha dívida para com ele é enorme. A minha dívida para com Nietszche, para com Céline! Que livros belos e horrendos! Não tenho resposta para estas pessoas. Não há explicação. Perante os gigantes temos de ficar calados.

***

Mas, acima de tudo, o meu lema foi saber que a força mais poderosa é estar interessado em alguma coisa. Pode ser a Dinastia Ming, o que quer que seja, se estiveres interessado o suficiente para o estudar e aprofundar, então não corres perigo. Se te prendes a qualquer coisa — pode ser arqueologia, música, desporto — que seja maior do que tu próprio, não corres perigo. O terrível é quando as pessoas se prendem a uma nada, ao vazio.

*** 


OCD


A thousand times, a thousand times
I’ve had that dream a thousand times



mil vezes pode ser muito, ali a roçar a obsessão.
ou não.
ser nada mais que um grande desejo que se prolonga no tempo.

vou ouvir a thousand times.


ontem, como hoje, a mais pequena pergunta porque há pessoas que não vão à festa de aniversário dela. aos seis anos tive de lhe explicar aquilo que não me apetecia que ela sentisse, que percebesse. que os laços podem ser mais frágeis e incertos do que gostariamos, que não faz sentido um pai não estar porque simplesmente não quer, que amigos têm mais que fazer, que não é por mal, simplesmente apareceram outras coisas urgentes para as pessoas fazerem e não podem estar, mas que gostam muito dela e que tenho a certeza que gostariam de estar presente neste dia.

depois engasguei-me. literalmente. tinha ali um nó qualquer que fez com que a saliva fosse para o canal errado. um cagaço do caralho. enquanto não entrava o ar, uma agarrou-se às minhas pernas a chorar e a outra, a mais velha, a bater-me nas costas. naqueles segundos não vi a minha vida em restrospetiva. vi o futuro delas e ... acalma-te, Rita, porra acalma-te e fiz sinal à mais velha para ir chamar os vizinhos. voltei a respirar. uffa.

hoje o dia é teu menina linda. ninguém vai remexer na merda e intensificar as faltas. conta quem está, com a garantia que provarei que a vida avança bonita.


o fb é fixe _03

I told my therapist about you

o fb é fixe _02

disturbing-your-existence

o fb é fixe* _01

Existence is pain




___
*série de páginas do fb estonteadamente profundas e delicadas.
de manhã tomo o remédio que amortece (não cura) a ansiedade e, numa certa dualidade, reconsidero tomar café ou não para conseguir manter-me acordada.

a minha vida é mais ou menos isto em tudo.

aqui tudo é bonito





Eu nem cá dentro me caibo
Mas bate a cabeça no teto
E cai na travessa
Eu já calei o discurso
Que a língua tropeça
Mas o gigantismo amordaça

***

Eu já não sei inventar-me
É só mais do mesmo
Fermento em massa de autismo
Eu nem de mim já me pasmo
Há mar e marasmo
Há ir e voltar aforismo

parte iii

às vezes não tenho qualquer piada. como hoje em que só me apetece chorar. (não tem mesmo piada nenhuma e é terrível).




parte ii

falando nisso e no complexo problema em querer ajudar.

parte i

das pessoas que conheço as que têm o melhor humor são as depressivas. cronicamente depressivos. também há os depressivos que só deprimem, mas esses não têm piada.


I wish me well



tão errado que estava o Sartre na sua Entre Quatro Paredes e o inferno são os outros. [interpretação livre].
 I wish me well.