fui tentar outro livro. também não resultou lá muito bem.

"Juntamos duas pessoas que ainda não se tinham juntado. Às vezes é como a primeira tentativa para prender um balão de hidrogénio a um balão de fogo: preferimos que se despenha e arda ou que arda e se despenha? Mas às vezes resulta, e algo de novo se faz e o mundo transforma-se. Então, a dada altura, mais cedo ou mais tarde, por esta ou aquela razão, um deles é levado. E aquilo que é levado é maior do que a soma que lá estava. Isto pode não ser matematicamente possível; mas é emocionalmente possível."
— Julian Barnes, Os Níveis da Vida
vi o último episódio de Homeland e fiquei assustada. depois fui ver o Annihilation e fiquei assustada. continuei a ler o livro Nunca Me Deixes e parei, porque fiquei assustada.

de uma maneira ou de outra parece que acabaremos sempre todos fodidos.

now live




This is where
This is where the bottle lands
Where all the biggest questions meet
With little feet stood in the sand
And this is where
The echoes swell to nothing on the tide
And where a tiny pair of hands
Finds a sea-worn piece of glass
And sets it as a sapphire in her mind
And there she stands
Throwing both her arms around the world
The world that doesn't even know
How much it needs this little girl
It's all gonna be magnificent, she says
It's all gonna be magnificent
na semana em que encomendei A Piada Infinita oferecem-me um livro. precisamente um dia depois de ter estado a falar na sua adaptação a filme e dos efeitos secundários que tive depois de vê-lo. coincidências com alguma piada, confesso (esperando que seja menos piada do que a do Foster Wallace). fui direita à última página reler o monólogo que fecha o filme. é melhor ainda. volto daqui a 330 páginas.

Never Let Me Go, de Kazuo Ishiguro

sexta-feira,13

estou há umas boas horas a tentar fazer uma capa para um livro. no monitor da frente tenho o ficheiro aberto no illustrator. pouco mais tenho do que um rectângulo branco com o título e o nome do autor. no monitor ao lado tenho p'raí umas cento e vinte janelas abertas com fotografias, ilustrações, capas de outros livros com o mesmo tema. nem uma pequena ideia sai. na secretária está o resto de uma embalagem de brufen granulado para controlar a febre de uma gripe que não está a dar jeito nenhum. ao lado, um copo com chá de menta e uma garrafa de água. na cabeça, uma dor. literalmente.

no entanto, está a ser uma bela sexta-feira-treze. não fosse o treze-de-abril, o dia do beijo.

duas semanas de dias inúteis. na primeira, não conseguindo estar sozinha, passei todo o tempo possível fora de casa. na segunda só quero estar sozinha, ansiando pela hora de chegar a casa. não abraçando merda nenhuma ao estilo new age - das doenças e males do mundo quero-os longe do alcance da vista -, aceito que assim sejam, até porque ainda não encontrei maneira para que sejam diferentes. bem, na realidade desisti. o que não é mau de todo.

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entretanto, alguma coisa de útil: uma vista de olhos ao trabalho do André da Loba (vale mesmo a pena espreitar) @ https://www.facebook.com/andre.daloba



dia das mentiras

[ fim-de-semana prolongado, aka mini-férias para alguns. para mim foram quatro dias que me serviram para ir mimar a família. tempos de pouca bonança que pedem para se estreitarem os laços e pôr-se à prova o sangue. quase todos em reunião em casa dos meus progenitores. falta uma, a minha sobrinha e afilhada, de sangue e coração. internada por tempo determinado pela sua força, sei que a tem e acredito que a esteja a descobrir também. ]



o dia de páscoa para crentes, agnósticos ou ateus que serviu sempre para nos juntarmos todos à mesa. até parecia mentira faltarem três: a minha sobrinha e os seus pais que a foram visitar, sendo os únicos que o podem fazer. não fosse assim e estariamos quase todos a comer natas do céu na sala de espera para as visitas. não seriamos todos porque haveria sempre um de nós a preferir o seu cómodo egoísmo. até parecia mentira que nesse dia de trémulo equilíbrio focado na necessidade de um certo normal para, sobretudo, a minha outra sobrinha que não vê a irmã há bons dias e não têm idade para separações deste tipo, houvesse alguém demasiado umbiguista, fazendo questão de mais uma vez o mostrar, que o mundo gira em seu torno e os outros que se fodam. pena que fosse precisamente nesse dia (noutros mando-o à merda mais facilmente). engoliram-se sapos até que o sangue ferveu mais alto que o sangue da família. mandei embora alguém de uma casa que não é a minha e devo ter comprado uma guerra sem fim. ligam-nos os laços familiares e estas rupturas nunca serão facéis, mas prefiro os de sangue e coração. inesperadamente, os que ficaram estão mais fortes. abracei a minha mãe como não o fazia há décadas. parecia mentira que depois de tudo o dia acabasse com jogos de carta e o meu pai a recordar-me as regras da sueca.