uma vez uma amiga disse-me que eu agora tinha uma vida boa: duas filhas, uma relação estável, um emprego onde tudo corria bem, etc e tal. acrescentou que agora eu não tinha razões para me sentir mal. não duvido das suas boas intenções nessas declarações — que são em parte verdade, mas não a verdade toda. não somos apenas o que temos e a forma como estamos com o que temos. somos também nós próprios. talvez sejamos sobretudo isso e curiosamente é o mais difícil de descrever. fazendo um exercício simples: à pergunta frequente de quem és tu? ou para nos apresentarmos, o que respondemos? mãe de B e C, namorada de T., designer, franciú de origem, provinciana por escolha, cota com dores nos joelhos e — secretamente — lutadora de demónios nos tempos livres.
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